Fed reduz o ritmo e corta juros dos EUA em 0,25 ponto percentual

  • 07/11/2024
(Foto: Reprodução)
Essa é a segunda redução seguida das taxas básicas norte-americanas. Referencial agora está na faixa de 4,50% a 4,75% ao ano. Prédio do Federal Reserve dos EUA em Washington, EUA (maio/2020) Kevin Lamarque / Reuters O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) voltou a cortar os juros do país nesta quinta-feira (7). A decisão foi por uma redução de 0,25 ponto percentual (p.p.), para a faixa de 4,50% e 4,75%. O corte foi menor do que a observada na reunião passada, quando o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) decidiu diminuir os juros em 0,50 p.p., após passar quatro anos sem realizar ajustes nas taxas. A redução das taxas também deve ter efeitos no Brasil. (veja mais abaixo) A decisão também veio em linha com as expectativas do mercado. Em entrevista a jornalistas, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que a atividade econômica continuou a expandir em ritmo sólido, reforçando que apesar de a inflação norte-americana ter caminhado para a meta de 2%, continua em patamares elevados. Segundo Powell, o Fed continuará a avaliar os novos dados econômicos que surgirem para tomar suas próximas decisões de política monetária. "Em dezembro e em todas as reuniões, nós olharemos para os novos dados econômicos e como eles afetam a perspectiva para a atividade do país", afirmou Powell. "Queremos estar no meio do caminho, de maneira que conseguimos manter a força do mercado de trabalho e continuamos a ter progresso na inflação", completou. Essa foi a primeira reunião do Fomc após as eleições presidenciais norte-americanas, que voltaram a colocar o republicano Donald Trump como chefe de Estado da maior economia do mundo. Diante desse cenário, a leitura é que a incerteza sobre quais serão os efeitos da gestão de Trump na economia dos Estados Unidos (entenda mais abaixo) também podem afetar as decisões do Fed à frente. "As perspectivas econômicas são incertas e o comitê está atento aos riscos", disse o Fomc em nota, destacando que está preparado para ajustar a política monetária caso necessário. Efeito 'Trump' na economia dos EUA A eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos já era precificada pelo mercado, mas aumenta as preocupações sobre os efeitos da agenda econômica conservadora e protecionista que o republicano deve carregar durante seu mandato. Entre as propostas de seu plano econômico, por exemplo, está a elevação de tarifas para produtos importados — incluindo uma guerra comercial com a China — e o corte de impostos no país, além da promessa de reduzir a inflação e do endurecimento das regras de imigração. Essas medidas são vistas como inflacionárias pelo mercado e podem, além de trazer impactos para a economia de outros países, também podem obrigada o Fed a manter os juros elevados para conter um eventual aumento de preços. Entenda na reportagem abaixo: Trump eleito: o que esperar da agenda econômica do próximo presidente dos Estados Unidos Powell se recuou a responder quando questionado se havia alguma preocupação por parte do Fed a respeito dos efeitos do plano econômico de Trump na atividade dos Estados Unidos, mas negou que sairia do cargo caso Trump assim o ordenasse. "Não é permitido por lei [que um presidente demita um presidente do Fed ou qualquer outro governador do BC dos EUA com posição de liderança]", disse. Reflexos no Brasil A decisão do Fed veio apenas um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil ter acelerado o ritmo de altas por aqui. Na véspera, o colegiado subiu a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 p.p., para 11,25% ao ano. A decisão do Copom representa a maior alta dos juros básicos brasileiros desde maio de 2022. Em comunicado, o colegiado afirmou que acompanha "com atenção" o desenrolar do quadro fiscal brasileiro e não deixou passar batido as incertezas em relação à economia dos Estados Unidos. "O ambiente externo permanece desafiador, em função, principalmente, da conjuntura econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed [Banco Central americano]", disse o Copom em comunicado divulgado após a decisão. Apesar de o corte das taxas por parte do Fed ter vindo um dia depois da decisão do Copom, a expectativa é que o quadro de juros norte-americano continue a refletir no cenário brasileiro. De um lado, a redução no ritmo de cortes por lá também significa juros mais altos nos Estados Unidos por mais tempo. Na prática, isso faz com que o rendimento das Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) continue elevado e siga atrativo para investidores estrangeiros. Para o Brasil, além de indicar uma possível redução de investimentos estrangeiros direcionados para cá, esse quadro também tende a fortalecer o dólar em relação a outras moedas, incluindo o real. O dólar em níveis elevados, por sua vez, aumenta a pressão sobre a inflação brasileira, o que pode acabar refletindo no ciclo de alta de juros que o Copom tem feito por aqui.

FONTE: https://g1.globo.com/economia/noticia/2024/11/07/fed-reduz-o-ritmo-e-corta-juros-dos-eua-em-025-ponto-percentual.ghtml


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